Peixes das nuvens (Simpsonichthys constanciae)

 Na família rivulidae, muitas espécies são conhecidas como “peixes das nuvens”, pois pareciam brotar do nada quando apareciam as chuvas. O que ocorre, na realidade, é que os peixes vivem em corpos de água temporários ao se reproduzirem, depositam seus ovos na terra. Quando a água seca, os ovos encistam, em um processo chamado diapausa, eclodindo na época de chuvas.

Infelizmente esses peixes sofrem muito e várias espécies encontram-se em risco de extinção por conta da destruição de seu habitat e por conta da especulação imobiliária. Outro problema é o tráfico de ovos, que é feito através do correio, já que os ovos em diapausa podem ser enviados num simples envelope, e após hidratados os peixes eclodem. Assim, os peixes que tem o comércio proibido no Brasil, são criados no exterior.

Quando fiz minha iniciação científica sobre os endêmicos do Estado do Rio de Janeiro, com Bolsa da FAPERJ, visitei uma APA, onde ocorria a presença de uma espécie, e simplesmente a área de preservação ficava em um minúsculo terreno entre 3 casas, que por sinal ficava alagado o ano inteiro. Me veio imediatamente a pergunta: será que os ovos não encistam, não entram em diapausa, ou será que que os que nascem são os que desovam nas margens onde deve secar. Daria uma outra pesquisa. Mas infelizmente me deparei com uma guerra de egos quando fui estudar os rivulídeos e pedi auxílio para uma assumidade destes peixes que me respondeu que a minha pesquisa (de graduando) se sobrepunha a pesquisa dele. E olha que eu estava tratando da fragilidade do habitat baseado em sistema de informação geográfica e sensoriamento remoto (GIS), interessado na reprodução, e o Doutor (provavelmente pós doc) era taxonomista.

Na foto um Simpsonichthys constanciae

Foto Michael Schlüter



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